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Cissa

Registros Vocais

...e como a laringe funciona.


Eu acredito que, por mais iniciante que você seja nessa coisa de cantar, você já tenha ouvido alguma vez sobre registros vocais. Talvez esse seja o motivo que fez você procurar e encontrar esse blog ou pode ser que você seja somente uma pessoa que lê meu blog por outros motivos e esse post seja só mais um assunto interessante pra saciar a curiosidade.


Cada estética ou didática tem seu palpite e um jeito próprio de classificar as vozes. E eles são muitos, voz de cabeça, voz de peito, voz mista, no belting ainda tem outros subtipos que são classificados conforme a extensão e o tipo de ressonância usada. O fato é que, se eu disser “falsete” cada pessoa terá uma imagem bem específica sobre o que é e como fazer, nem sempre essa imagem vai nos fazer chegar a um consenso e muito provavelmente alguém sairá da discussão mais confuso do que entrou.

Eu dei aqui o exemplo do falsete, algumas pessoas acreditam que o falsete é uma região, uma extensão de notas feitas na prega vocal (inclusive é essa definição que você encontra lá na wiki), no entanto é possível fazer sons nesta mesma região que, para muitos ouvidos, não será associado ao que conhece por falsete. Desde que comecei a estudar melhor sobre fisiologia, acústica e antropofisiologia vocal, percebi que os nomes pouco importam se você não souber o que está fazendo.


Agora vamos ao que interessa, o real assunto deste post. Aliás, esse deveria ter sido o título, mas eu não chamaria a sua atenção, não é mesmo? No fim das contas você vai entender meu ponto aqui.


Quero que você conheça…


Os mecanismos de controle e manipulação do som vocal Existem controles de pressurização e entonação que usamos o tempo todo para cantar (e falar). Na grande maioria das pessoas, essas escolhas são instintivas e até mesmo culturais, resultando na forma como essa pessoa fala ou canta e gerando o conceito já ultrapassado de “voz natural”. No entanto, esses controles são manipuláveis e nos dão uma gama enorme de possibilidades vocais, quase infinitas eu diria.


Basicamente vamos falar aqui de 3 deles: a respiração, a laringe (fonte) e a ressonância (filtro). (Como sempre tem um roteirinho de estudos no final.)

Controle do suporte respiratório


Esse não é difícil de entender. O queridinho da técnica vocal tradicional e não sendo à toa, é um controle bastante importante, porém não é a única preocupação na hora de cantar.

Quando se fala de respiração, na realidade estamos falando de controle sobre como o ar entra e sai do corpo. A grande diferença de um ciclo respiratório normal está principalmente na saída do ar. Precisamos manter o fluxo de saída em uma pressão ideal para o que desejamos que nossa laringe faça, ou seja, vai depender do tipo de som que estamos tentando produzir.


Por exemplo: na bossa nova temos um estilo de canto muito suave e introspectivo, esse é o melhor exemplo de uma voz com laringe menos contraída e de som menos metálico (menos intenso digamos assim). Para este tipo de som, precisamos de uma pressurização de ar mais leve, esse é o tipo de voz que costuma sair com facilidade já que pessoas menos treinadas conseguem acessar mais facilmente. Também é a voz dos tímidos, falaremos disso no próximo item. Controle da laringe


A nossa laringe é cheia de músculos com múltiplas funções, a mais vital delas é a proteção se fechando para não deixar passar coisas para o lugar errado. Quando pressurizada pelo ar ela emite sons. Temos músculos específicos para entonar regiões de notas diferentes, saber quais são ou como acessá-los pode fazer diferença na hora de atingir as desejadas notas agudas ou o grave que não chega. Os limites e usos são iguais para todo mundo, vozes agudas ou graves, sopranos e barítonos, com algumas ressalvas, insignificantes para o canto popular que é o que nos interessa aqui.


Não conseguiria abordar aqui sobre os todos os músculos que fazem a entonação de notas, é um assunto bem complexo que deve vir em outro texto. Mas precisamos falar sobre o músculo vocal, aquele que a gente chama de prega vocal ou cordas vocais. Esse é o músculo mais importante para o nosso assunto aqui porque é através dele que “mudamos” nossa voz de um som leve ao um som firme mais metálico e vice versa. Esse músculo quando contraído, traz uma característica de dureza do som. Usando o exemplo acima, uma voz mais bossa nova usa esse músculo predominantemente passivo, sem contração. Eu chamo de a voz dos tímidos porque é uma voz mais recolhida, leve, mas atenção, estou aqui generalizando muito o conceito.


Vou deixar dois exemplos pra você ouvir https://youtu.be/6TR01-5XPoo?t=11 - vocal solto https://youtu.be/-huNrHAou-E?t=184 - vocal metálico, contraído


Controle da ressonância (filtro)


A ressonância é o mais sutil dos controles e também o mais complexo. Controlar a ressonância é modificar espaços acima da laringe (língua, palato, pilares laterais) para que o som soe de maneiras diferentes. A tendência é de que o som fique mais estridente e agudizado à medida que os espaços diminuem, mas essa estridência não é simples de classificar já que existem várias maneiras de diminuir os espaços manipulando as estruturas. Uma dica é começar pelo mais simples, o palato. Palato mais curvado terá mais harmônicos graves soando e palato baixo mais harmônicos agudos.


Dois exemplos pra você ouvir:


Todos estes controles precisam de treino isolado para se fortalecerem, assim você conseguirá montar o seu som usando as técnicas vocais que você quiser para se expressar e fazer música.

Talvez esse não seja o post definitivo onde você vai aprender a treinar esses controles, mas é o ponto inicial para compreender que a voz é complexa e muitas vezes não cabe em um conceito fechado de registro vocal ou classificação vocal, tudo é discutível menos a fisiologia, essa simplesmente existe e está aí para ser destrinchada, analisada e, por fim, manipulada por você.



Roteiro de estudo

Registros vocais são termos usados para facilitar o entendimento, mas muitas vezes podem gerar confusão por conta de diferentes abordagens didáticas, então foco no “como faz” e não nos nomes. Vamos ao resuminho:


  • foco nos controles: tente entender como a voz funciona para além dos conceitos

  • suporte respiratório é principalmente sobre como o ar sai, é ele que estabiliza a laringe para que ela faça o seu trabalho

  • é na laringe que as notas acontecem, também é onde temos o músculo vocal, ele não entona notas efetivamente, mas modifica o som deixando mais firme ou mais leve a depender do que queremos tecnicamente

  • os espaços dentro da boca e paredes da laringe são importantes modificadores do som, quanto menor o espaço, mais estridência e mais pressão contra a musculatura, por isso é bom cuidar o excesso de volume


Se esse post te ajudou, mande uma mensagem, compartilhe seu estudo comigo marcando o @estudacanto nas redes sociais.

Vou adorar te ouvir.


Até o próximo eclipse!



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